Deitada na calçada suja,
Coberta de poeira e moscas,
Com a boca sem dentes aberta,
Escancarada para o mundo indiferente,
Jaz a pobreza.
Infecta, imunda, porca,
Doente de umas vinte doenças venéreas,
Limpando as fezes com a mão,
Procurante um quitute no lixo,
Ou algo para tomar um trago,
Mais parece um bixo.
Não.
Pobreza é gente como a gente.
O mundo gira em torno dela.
Passam homens sérios,
Carrancudos, ocupados,
Homens de boa família,
E a pobreza continua ali:
Caída.
Em um momento de desespero,
Ela nos puxa o calcanhar,
Nos bate na cara,
Grita em nossas orelhas.
Nós não sentimos,
Não vemos,
Não ouvimos.
Pergunto-me,
Nesses dias quentes em que o suor da velha seca
E faz os trapos colarem naquilo que os médicos
Ainda arriscam chamar de pele:
Quem há de beijar a boca podre da probreza?
Vou ainda mais longe:
Alguém ousará fazê-lo?
terça-feira, 11 de novembro de 2008
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4 comentários:
Nossa que bonito!!
Adorei ..
Abç.
Vim agradecê-lo pelo comentário lá no facetas. Seus elogios me incentivam bastante. Obrigada.
grande poeta
orgulhoso de você , meu caro
Maravilhoso poema.
Parabéns!
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