quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Dezembro

A chuva parou.
Cheiro bom de asfalto molhado.
Janela aberta, brisa suave, céu cinzento.
Olho a rua e me entristeço.
Sinto coisas estranhas,
um rebuliço em meu estômago me assusta.
Que ódio é esse que sinto
do casalzinho que namora frente ao meu apartamento?
Que ódio é esse da chuva que parou,
do céu cinzento,
da brisa suave,
das pessoas que passam?
Que ódio é esse que sinto de mim mesmo?
Acabei virando uma coisa.
Detestável.
Não conheço mais os meus amigos.
Não me conheço.
O espelho é torturante com seus olhos pretos fundos,
perdidos em algum tempo passado,
fixos em mim, imaginando talvez
o homem que um dia fui.

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