segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Poema sem ponto

Para a Fernanda

Às vezes ainda ando inquieto
De um lado para o outro
Felino preso entre grades
Reticente e melancólico
Absorto
Sério
Hermético
Calado
Feito poema sem ponto
Sem vírgula
Sem sequer ponto-e-vírgula
Preso na curiosa espiral atormentadora
Dos círculos viciosos
Que espiralados circulam
Sempre adiante mas sempre os mesmos
Dolorosos círculos
Viciados
Na contínua dor de ser dor
E de dolorosamente sentir-se dor
De uns dolorosos olhos de morte
De animal ferido que morre
Que sabe que vai morrer
E que aceita que vai morrer
Por ser fraco demais
Às vezes ainda ando inquieto
Mas hoje
Basta que me tu me pouses a mão sobre a nuca
E enrole os cachos dos meus cabelos em teus dedos
Dizendo doces palavras doces
Para que em minha mente se ponha um ponto
Final alegre de ternura apaixonada
Feliz.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

8

8.
Número misterioso.
Ampulheta secreta do tempo corrido,
Contador dos felizes dias que vivi.
Máscara da qual me despi:
Joguei-a no lixo,

Abri os braços para um céu azul profundo.

Abri os olhos para um par de olhos meigos
Pretos, muito pretos,
Que me olham com ternura.

8 meses deitado
No aconchego de um abraço carinhosamente apertado.
8 meses deitado
No conforto de dois braços que me querem bem.
8 meses deitado
Na felicidade de estar com você.

8,
Número misterioso,
Pois o 8 quando se deita
Revela o divino segredo do infinto:
Alegria de ser completo,
Eterna felicidade de amar e ser amado.

Passei 8 meses sorrindo
O infinito amor que tenho por ti,
Sorrindo os infinitos meses
Que passarei sorrindo
O infinito amor que tenho por ti.

8 meses sorrindo por poder sorrir infinitos oito meses mais
Esse infinito amor que me faz
Tão bem.

Número misterioso
Da imensa alegria de viver contigo.

Eu nunca fui tão feliz.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Família

Irmãos são gente que tá perto da gente.

Irmãos são gente que se precoupa com a gente.

Irmãos são gente que tá com a gente

Sempre.


Irmãos são sinônimos

De amizade.


Pai e mãe:

É tronco de uma árvore forte,

Raíz de robusta aroeira.

Pai e mãe

É quem nos leva pela mão

Enquanto ainda tropeçamos.

Pai e mãe

São amigos da gente,

São gente que gosta gente.


Pai e mãe são sinônimos

De amor.


Família:

É ser feliz com outros

Que são felizes com você.


Família é carinho e compreensão.

Família é a melhor parte de cada de um nós.


Agradeço a Deus pela família que tenho.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Rosa de pedra

Pessoal, está pronto o novo blog! Dêem uma passadinha por lá também! Ele se chama "Rosa de pedra" e o link está aí ao lado, no menu de links. O url é www.rosadepedra.blogspot.com Obrigado a todos pela visita!

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Pequena pausa

Saudações a todos os malucos de plantão! Primeiramente queria agradecer a todos pela visita e pelo apoio. Não é sempre que um doido varrido encontra amparo no mundo literário. Obrigado a todos. Primeiramente gostaria de prevenir os leitores de primeira viagem que visitem também os posts mais antigos, existem textos interessantes no arquivo do blog (eu pelo menos acho assim, mas eu sou suspeito para falar). Segundamente, eu queria anunciar a vocês que pretendo criar outro blog. Não se assustem, não vou desativar este, mas vou criar um outro para postar uma coletânea de textos, que atualmente estou revisando. Esses textos foram escritos por meios de 2006 e acredito que seria muito interessante tirar a poeira deles e publicar. Estou pensando também em fazer um blog de poesia infantil, mas isso já é história para outro dia. Enfim, muito obrigado pela visita, e bom divertimento a todos!

Eleição

Estava eu andando
tranquilamente pelas ruas
de minha cidade
quando sem mais nem menos
trupiquei
numa montanha de papel.
A montanha se ergueu
e me disse com voz
profunda e tenebrosa:
"Tens de escolher!"

Sobressaltado estaquei
sem poder sequer me mover.
A montanha, sem aviso,
Abriu a boca e cuspiu
nas paredes das casas,
na calçada, na rua,
no poste elétrico.

Nisso, o cuspe desfez-se em
números.

Números os mais diversos,
números coloridos,
grandes e pequenos,
gordos e magros,
números terríveis
que se descolaram da parede
e correram,
os afiados dentes mostrando,
me perseguindo.

Eu fugi, desesperado.

O exército de números
infernais
me perseguia,
ardentes com seus dentes pontiagudos.
A montanha gargalhava,
rindo do meu desespero
e repetia várias vezes
com a mesma voz terrível:
"Tens de escolher!"

Eu fugi, fugi, fugi
e, sem saber como,
me achei num largo saguão.
Os números estacaram atrás de mim,
os olhos malévolos
me devorando com lascívia.
Saída da escuridão
surgiu uma caixa preta
de olhos verdes, amarelos e vermelhos,
repleta de números.
Eu já não conseguia controlar
a minha tremedeira.
A caixa se aproximava lentamente,
vagarosamente,
arrastadamente.
Me olhou profundamente com um
feio olho verde
e expeliu um grito monstruoso!

"TI-RU-LI-RU-LI!!"

Abriu a boca e me engoliu inteiro.

Quando acordei,
tinha um sino em meu pescoço
e comia pasto
em meio a uma grande manada.

Eu havia me transformado
em gado.