quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Por uma gramática simples

Olá pessoal! Mais uma vez agradeço pela visita no meu blog e agradeço também a todos os que me apóiam! Estou fazendo este post para avisar que ficou pronto o blog sobre gramática. Ele se chama "Gramaticando" e o URL é http//:www.gramaticasimples.blogspot.com

O intuito dele é solucionar dúvidas de gramática da norma padrão do português e discorrer sobre algumas curiosidades acerca da origem das palavras de nossa tão bela língua. Por enquanto consta no blog apenas um post sobre Fonética e Fonologia e um outro sobre as mudanças que vão ocorrer com a reforma ortográfica. Espero que esse novo blog venha a ajudar muitos de vocês!

O maluco sadio

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Pobreza

Deitada na calçada suja,
Coberta de poeira e moscas,
Com a boca sem dentes aberta,
Escancarada para o mundo indiferente,
Jaz a pobreza.

Infecta, imunda, porca,
Doente de umas vinte doenças venéreas,
Limpando as fezes com a mão,
Procurante um quitute no lixo,
Ou algo para tomar um trago,
Mais parece um bixo.
Não.
Pobreza é gente como a gente.

O mundo gira em torno dela.
Passam homens sérios,
Carrancudos, ocupados,
Homens de boa família,
E a pobreza continua ali:
Caída.

Em um momento de desespero,
Ela nos puxa o calcanhar,
Nos bate na cara,
Grita em nossas orelhas.
Nós não sentimos,
Não vemos,
Não ouvimos.

Pergunto-me,
Nesses dias quentes em que o suor da velha seca
E faz os trapos colarem naquilo que os médicos
Ainda arriscam chamar de pele:

Quem há de beijar a boca podre da probreza?

Vou ainda mais longe:

Alguém ousará fazê-lo?

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Poema sem ponto

Para a Fernanda

Às vezes ainda ando inquieto
De um lado para o outro
Felino preso entre grades
Reticente e melancólico
Absorto
Sério
Hermético
Calado
Feito poema sem ponto
Sem vírgula
Sem sequer ponto-e-vírgula
Preso na curiosa espiral atormentadora
Dos círculos viciosos
Que espiralados circulam
Sempre adiante mas sempre os mesmos
Dolorosos círculos
Viciados
Na contínua dor de ser dor
E de dolorosamente sentir-se dor
De uns dolorosos olhos de morte
De animal ferido que morre
Que sabe que vai morrer
E que aceita que vai morrer
Por ser fraco demais
Às vezes ainda ando inquieto
Mas hoje
Basta que me tu me pouses a mão sobre a nuca
E enrole os cachos dos meus cabelos em teus dedos
Dizendo doces palavras doces
Para que em minha mente se ponha um ponto
Final alegre de ternura apaixonada
Feliz.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

8

8.
Número misterioso.
Ampulheta secreta do tempo corrido,
Contador dos felizes dias que vivi.
Máscara da qual me despi:
Joguei-a no lixo,

Abri os braços para um céu azul profundo.

Abri os olhos para um par de olhos meigos
Pretos, muito pretos,
Que me olham com ternura.

8 meses deitado
No aconchego de um abraço carinhosamente apertado.
8 meses deitado
No conforto de dois braços que me querem bem.
8 meses deitado
Na felicidade de estar com você.

8,
Número misterioso,
Pois o 8 quando se deita
Revela o divino segredo do infinto:
Alegria de ser completo,
Eterna felicidade de amar e ser amado.

Passei 8 meses sorrindo
O infinito amor que tenho por ti,
Sorrindo os infinitos meses
Que passarei sorrindo
O infinito amor que tenho por ti.

8 meses sorrindo por poder sorrir infinitos oito meses mais
Esse infinito amor que me faz
Tão bem.

Número misterioso
Da imensa alegria de viver contigo.

Eu nunca fui tão feliz.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Família

Irmãos são gente que tá perto da gente.

Irmãos são gente que se precoupa com a gente.

Irmãos são gente que tá com a gente

Sempre.


Irmãos são sinônimos

De amizade.


Pai e mãe:

É tronco de uma árvore forte,

Raíz de robusta aroeira.

Pai e mãe

É quem nos leva pela mão

Enquanto ainda tropeçamos.

Pai e mãe

São amigos da gente,

São gente que gosta gente.


Pai e mãe são sinônimos

De amor.


Família:

É ser feliz com outros

Que são felizes com você.


Família é carinho e compreensão.

Família é a melhor parte de cada de um nós.


Agradeço a Deus pela família que tenho.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Rosa de pedra

Pessoal, está pronto o novo blog! Dêem uma passadinha por lá também! Ele se chama "Rosa de pedra" e o link está aí ao lado, no menu de links. O url é www.rosadepedra.blogspot.com Obrigado a todos pela visita!

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Pequena pausa

Saudações a todos os malucos de plantão! Primeiramente queria agradecer a todos pela visita e pelo apoio. Não é sempre que um doido varrido encontra amparo no mundo literário. Obrigado a todos. Primeiramente gostaria de prevenir os leitores de primeira viagem que visitem também os posts mais antigos, existem textos interessantes no arquivo do blog (eu pelo menos acho assim, mas eu sou suspeito para falar). Segundamente, eu queria anunciar a vocês que pretendo criar outro blog. Não se assustem, não vou desativar este, mas vou criar um outro para postar uma coletânea de textos, que atualmente estou revisando. Esses textos foram escritos por meios de 2006 e acredito que seria muito interessante tirar a poeira deles e publicar. Estou pensando também em fazer um blog de poesia infantil, mas isso já é história para outro dia. Enfim, muito obrigado pela visita, e bom divertimento a todos!

Eleição

Estava eu andando
tranquilamente pelas ruas
de minha cidade
quando sem mais nem menos
trupiquei
numa montanha de papel.
A montanha se ergueu
e me disse com voz
profunda e tenebrosa:
"Tens de escolher!"

Sobressaltado estaquei
sem poder sequer me mover.
A montanha, sem aviso,
Abriu a boca e cuspiu
nas paredes das casas,
na calçada, na rua,
no poste elétrico.

Nisso, o cuspe desfez-se em
números.

Números os mais diversos,
números coloridos,
grandes e pequenos,
gordos e magros,
números terríveis
que se descolaram da parede
e correram,
os afiados dentes mostrando,
me perseguindo.

Eu fugi, desesperado.

O exército de números
infernais
me perseguia,
ardentes com seus dentes pontiagudos.
A montanha gargalhava,
rindo do meu desespero
e repetia várias vezes
com a mesma voz terrível:
"Tens de escolher!"

Eu fugi, fugi, fugi
e, sem saber como,
me achei num largo saguão.
Os números estacaram atrás de mim,
os olhos malévolos
me devorando com lascívia.
Saída da escuridão
surgiu uma caixa preta
de olhos verdes, amarelos e vermelhos,
repleta de números.
Eu já não conseguia controlar
a minha tremedeira.
A caixa se aproximava lentamente,
vagarosamente,
arrastadamente.
Me olhou profundamente com um
feio olho verde
e expeliu um grito monstruoso!

"TI-RU-LI-RU-LI!!"

Abriu a boca e me engoliu inteiro.

Quando acordei,
tinha um sino em meu pescoço
e comia pasto
em meio a uma grande manada.

Eu havia me transformado
em gado.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Nação

Ibiajara não esquece.

Vivia na tribo.

Comia carne de onça e quati.

Muito beiju e mandioca.

Tinha irmão, pai e mãe.

Um dia chegou a morte,

Toda vestida de feridas

Pretas,

Fedidas,

Horríveis.

Metade da tribo caiu.

Irmão, pai e mãe.

Cunhapora não esquece.

Índia bonita, sadia.

Carne forte, morena.

Sabia trançar como ninguém.

Vivia feliz com o marido.

Um dia chegou o abismo,

Sedento da pureza de olhos em lágrimas.

Pervertido,

Safado,

Nojento.

Nunca mais houve pureza.

Foi roubada de si mesma.

Potira não esquece.

Menina meiga, inteligente.

Sabida, persistente.

Corria atrás das cotias na mata.

Brincava e ria aos largos.

Um dia a terra pegou fogo.

A fumaça invadiu a mata.

Pegou as crianças da tribo.

Pequenas,

Chorosas,

Pobres.

Viver queimando os dedos e as ventas.

Triste destino de flor chamuscada.

Piatã não esquece.

Guerreiro valente, forte.

Conhecia o verde das folhas das árvores.

Perseguia os inimigos na mata.

Era índio bravo.

Um dia sentiu dor,

Vergonha, mágoa.

Piatã mostrou tacape.

Lutou,

Bateu,

Morreu.

Fraca força antiga

Dos homens que não tinham medo.

Piatã não foi esquecido.

Ibiajara, Cunhapora, Potira, Piatã.

Ninguém esquece.

Sempre pensando na vida.

Sempre pensando

Nas campinas verdes,

Nas matas escuras,

No Sol amarelo,

Nas flores brancas do povo

que se foi para bem longe.

Família morreu.

Tribo sumiu.

A felicidade se foi

Voando

como o derradeiro papagaio de sua espécie.


Sumiu.

E é por isso que o índio tem

Os olhos tristes perdidos

Nas águas escuras dos rios.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Primavera


O branco singelo da margarida

Refulge no teu largo sorriso luminoso,

E do verde claro da grama

Pintou-se a minha alma com a tua paz.

Das flores amarelas do Ypê

Vestiu-se o teu corpo para alegrar-me,

Enquanto o profundo azul do teu céu limpo

Encheu o meu olhar de carinho e amor.

No teu jardim florido achei-me perdido

Em um milhão de novas sensações,

E não quero jamais longe de ti

Encontrar-me novamente.

Com as cores que você me deu

Compus a minha felicidade

Em uma alegre aquarela de flores.

Desabrocho cotidianamente

No amor que sinto por ti

Em um turbilhão de novas cores

Nunca antes vistas pelo olho humano.

Enfim,

Sou feliz.

Foi você quem trouxe a minha primavera.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Intimidade

Menina,
quero um abraço apertado,
quero um sorriso largo,
quero as suas graças e encantos
sempre comigo.

Moça,
quero um beijo apaixonado,
quero uma mão amiga,
quero a beleza e a juventude da vida
sempre comigo.

Mulher,
quero um ouvido atento,
quero uma cabeça pensante,
(porque duas cabeças são melhores do que uma),
quero seu amor,
quero sair com você,
quero levar você pra valsar entre as estrelas,
quero levar você pra passear no cosmos,
entre o brilho de sóis perdidos
e a negritude do éter espacial.
Quero me banhar no teu corpo
e mergulhar fundo na tua alma
e sentir
que não seria possível haver lugar melhor
para um velho errante como eu
que a intimidade carinhosa do seu ser.

Eu quero
você sempre comigo, menina-moça-mulher,
porque sou velho,
sou menino,
sou confuso.
Porque não sou mais eu.
Porque somos um
desde o primeiro "eu te amo" que dissemos.

E porque sou feliz por isso.

Acalanto

Complexo sentimento
de sentir-se leve, leve, leve!
Um sorriso que não some
mesmo nas mais escuras melancolias.
Felicidade é ter alguém que lhe acalante,
mesmo quando já se é homem de barbas.

Porque os homens de barbas também choram.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Um dia muito especial

Só quero estar com ela =) porque não felicidade maior que essa.


Noturno


É noite.

A Lua se eleva amarela no éter negro,

esquadrinhando os céus

como o olho de um ciclope de cabeça preta.

Tudo é silêncio:

a cidade jaz em coma profundo,

resplandecendo através de inúmeros quadradinhos brilhantes.

Nem uma estrela mostrou a cara hoje.

Pergunto-me a razão;

descubro, reflito, chateio-me e penso:

“A luz elétrica apagou o céu”.

O pretume me sufoca.

Desespero-me, agito-me:

um coro de mil vozes de viúvas grita ensandecido em meu estômago.

Não agüento o fardo e fecho os olhos.

Sinto que vou cair.

Subitamente, você aparece

e me acende o céu da mente,

que então refulge

iluminado por um bilhão de rojões multicoloridos.

Um sorriso me sorri sincero.

Já não há cidade, céu, estrelas ou Lua.

Sua mão repousa sobre a minha fronte

e meu coração bate feliz.

Realmente, por que precisaria eu de estrelas?

Tenho um sol ardendo brando em meu peito;

Luz que me escapa do interior pelas pontas dos dedos

e me provoca a escrever estes versos.

Encontrar-se em outro e ter outro em si

é uma sensação maravilhosa!

Hoje nada me falta:

estou contigo.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Hotel

Hotel

O medíocre de um pode ser o extraordinário de outro.

Quem poderá dizer se viver não é, simplesmente, viver?
Trabalhar, ganhar meu sustento, ter conforto para mim e minha família,

realizar meus propósitos.
Ser bom,
minha meta.
Ser útil,
meu desejo.

Ser feliz e fazer feliz,
meu ideal.

Viver é respirar o ar que outros já respiraram, sabendo que no futuro outros respirarão o ar que nós respiramos, e não se preocupar demais com isso:
porque o que virá cuidará de si,
devendo nós apenas deixar o quarto em ordem
para o hóspede agendado
para depois do nosso "check-out".

Não sou panfletário.
Não levanto bandeiras.
Sou idealista sem pensar nos meus ideais
porque eu sou meus ideais
e eles são eu.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Pingos

Pingos pingando pela calha.

Pingos pingando pelados pela janela.

Pingos que pingam

Continuamente.

Pingos pingados por olhos pintados

Em uma parede.

Pingos para um choro triste,

Calado,

Encerrado no peito.

Pingos despeitados,

Quando hão de parar de pingar?

“Parem pingos!”,

Pede uma pessoa desesperada.

Mas os pingos não param:

Pingam mais forte,

Pingam abruptamente,

Pingam porque têm que pingar,

Pingam porque não querem se acostumar:

Pingam por inconformação.

Pingam de saudade.

Pingo, pingo.

Pingo.

Dogma

É reconfortante saber

que Deus é um

e de cada um.

É maravilhoso saber

que a pluralidade

se resume na unidade.

Eu tenho a minha fé,

Acreditem se quiserem.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Assim do nada

Hoje me deu assim do nada
Uma vontade estranha de dançar.
Um calor subiu pelo meu corpo
Como um carro de corrida cantando pneus.
Todos os pêlos do meu corpo se arrepiaram
Como as espinhas erguidas de um peixe.
Meus pés não paravam quietos,
Minhas mãos tremiam,
Minha cabeça balançava,
O mundo rodava louco louco louco louco.

Eu sou uma estrela cadente
Viajando o cosmos na velocidade da luz
Em rota de colisão com a Terra.
Eu queimo o azul profundo do mar
Com minha hélice rodando
A incríveis rotações enigmáticas.
Eu sou uma guitarra elétrica
Em um solo frenético
De um bilhão de notas irreconhecíveis.
Eu me sinto vivo.
Eu me sinto estranho.
Eu me sinto novo.
Eu me sinto quente.
Eu me sinto rápido.
Eu me sinto esperto.
Eu me sinto como um tigre
Viajando ultra-sônico pelas planícies geladas da Sibéria!


Bom é ser nonsense
De maneira única.

Estripulia,
Êxtase,
Euforia.

Folia louca na qual sou o folião mais alegre.
Festa dos anos 70.
Baile de formatura.
Aniversário de criança.

Que coisa maravilhosa é o amor!

terça-feira, 25 de março de 2008

?

De tempos em tempos
Encontro-me nas divisas de países sem cor.
Passo por montanhas sem forma,
Bosques sem brisa,
Oceanos de água doce.
Oh, fronteiras de sentimentos intraduzíveis,
Qual o mistério que respira como criatura viva
Para além de vós?
Quero modelar as cordilheiras disformes
Deste mundo sem sentido.
Quero soprar as folhas de todas as árvores
Da Amazônia internacional.
Quero salgar a água destes oceanos insípidos
Para bebê-la.
Quero o universo de cabeça para baixo
Só para que eu possa me olhar no espelho
E dizer: “Olha só! De fato é verdade.
Esse sou eu mesmo”

Foi-se

As cidades não são mais cidades,
são selvas concretizadas, cinzentas,
pretas, sulfúricas e carbônicas,
onde reina a lei do mais forte;
são espécie de deserto populoso
no qual estar rodeado de seres
é o mesmo que estar só.
Os campos não são mais campos,
são habitats de máquinas,
de criaturas vegetais
(vegetais?)
bestificadas,
de anomalias propositais,
de aberrações alimentares;
são quilômetros e quilômetros cultivados
vazios.
Ninguém mais planta mandioca.
As casas não são mais casas,
são bunkers contra a vida cotidiana,
asilos de cabeças dementes,
de mentes
solitárias acompanhadas pela internet;
são prisões.
As famílias não são mais famílias,
são aglomerados sociais
nos quais existem provedores e parasitas,
nos quais inexistem amor, respeito, razão,
educação, princípios, ordem, afeto,
ou qualquer outra coisa referente à família;
são bandos bárbaros.
Nem as igrejas!!
As doces igrejas de outrora,
com seu coral de senhoras,
com seu cantar de crianças,
com seu louvar de homens fortes.
Nem as igrejas são mais igrejas,
são casas de espetáculo,
são clubes noturnos,
são cheias de gente vazia,
turba delirante e confusa,
equivocada e sedenta pelo sangue
do único homem justo que já caminhou por estes caminhos.
O mundo não é mais mundo,
é uma espécie de asteróide
que vaga perdido no cosmos
sem saber da colisão iminente,
com qualquer outro corpo celeste mais digno,
que o aguarda.
Se nada permanece como era originalmente,
se a totalidade das coisas tende
a se corromper e se tornar pérfida,
se a vida não é mais vida,
o que será de mim?

Quem?

Será que Deus se esqueceu dos pobres?
Será que Deus se esqueceu dos tristes?
Será que Deus se esqueceu dos órfãos?
Será que Deus se esqueceu daqueles que sofrem com a guerra?
Será que Deus se esqueceu daqueles que sofrem com a morte,
com a doença, com a injustiça deste mundo?
Será que Deus se esqueceu das criancinhas?
Não.
Deus é bom,
eu é que não sou.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Um mês

Ja faz um mês.
Dou graças a Deus por poder ser feliz ao lado dela =)

Nascido

Esperança
que nasce outra vez
com força,
com gosto,
com graça,
com ternura.
Calor que abranda a vida.
Sentimento de liberdade.
Vontade de dançar.
Cor nova que brilha nas minhas retinas;
espécie de verde-rosáceo com tonalidades azuis
que inundou meu mundo.
Fluidez de pensamento.
Destravamento de raciocínio.
Evolução sentimental
da qual Darwin nem sequer fazia idéia!
Mudança.
Novos ares.
Um sorriso sem motivo.
Amor.

Tudo isso e algo mais,
tudo isso e muito mais
a tua vida provoca na minha.

Esperança
vinda da espera
por um novo Sol nascente
finalmente nascido.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

América

Sou a língua que falo.
Sou substantivo abstrato.
Sou sujeito composto
por inúmeras incoerências verbais.
Sou adjetivo pátrio
de uma pátria que não existe.
Sou o verbo mais irregular
que a boca humana já proferiu.
Ser latino-americano
é ser complexo tanto na língua
quanto na existência.
A América do Sul é um pandemônio lexical
belíssimo!

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Mudança

Tenho pensado bastante. Quero mudar minha postura.
Esse texto é para alguém que me faz pensar em coisas boas.
Em coisas muito boas.

A felicidade é um punhado de coisas.
Uma dessas coisas é estar com ela =)


Imensurável


Nós temos algo diferente.
Nós temos algo estranho.
Nós temos algo que poucos chegam a conhecer,
mas nós temos.
Algo sem largura, sem comprimento e sem altura.
Algo sem área, sem volume, sem profundidade,
sem fronteiras.
Algo de uma existência volátil,
ainda que ao mesmo tempo tátil
e constante.
Ser feliz é ter contido na alma
algo muito maior do que aquilo que se é,
do que aquilo que se pode ser.
Ser feliz é ter luz dentro de si
e não ser capaz de contê-la.
Sou feliz.
Tenho você dentro de mim.

Sim, eu vou pra longe,
mas a minha vida
fica contigo.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Mancha

Às vezes é bom tirar os óculos
e enxergar o mundo como uma mancha.
Ver as luzes desfocadas
dos postes na beira das estradas,
ver as copas das árvores fundirem-se
com o céu escuro,
ver prédios passarem em alta velocidade,
misturando-se com o chão, com o ar, com o cheiro,
ver pessoas transformarem-se em borrões,
ver-me no espelho transformado em um borrão
e perceber que não passo de um borrão.
É bom entender as pessoas, o mundo e a vida.
É bom entender a si mesmo.
Às vezes.
Tirar os óculos e ver que tudo é uma mancha única,
massa disforme de luzes, folhas, galhos, postes, prédios,
braços e pernas,
pensamentos, ideologias
e sensações,
é uma sensação libertadora.
Simplesmente libertadora!

Dezembro

A chuva parou.
Cheiro bom de asfalto molhado.
Janela aberta, brisa suave, céu cinzento.
Olho a rua e me entristeço.
Sinto coisas estranhas,
um rebuliço em meu estômago me assusta.
Que ódio é esse que sinto
do casalzinho que namora frente ao meu apartamento?
Que ódio é esse da chuva que parou,
do céu cinzento,
da brisa suave,
das pessoas que passam?
Que ódio é esse que sinto de mim mesmo?
Acabei virando uma coisa.
Detestável.
Não conheço mais os meus amigos.
Não me conheço.
O espelho é torturante com seus olhos pretos fundos,
perdidos em algum tempo passado,
fixos em mim, imaginando talvez
o homem que um dia fui.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Útero

Altas horas da noite.
Vem essa escuridão exterior,
vaga, lenta, terna,
dama estranha aos meus olhares,
e torna todo o meu espaço interior
em algo não muito diferente de um útero.
Calmas horas da noite.
Silêncio.
Um grilo grilando na rua.
Sono da cidade feroz,
quietude de alma,
não me deixem!
Peço que o Sol se demore
por mais algumas horas.
Afinal, que pressa tem ele?
Vontade de dormir,
de ler, de escrever...
vontade de não fazer nada.
Vontade de querer alguém.
Vontade de ser querido.
Vontade de tapar o vácuo cósmico
com vontades.
Ah! Meus pés pedem asas,
minhas costas pedem redes,
meus olhos pedem óculos.
Há só o medo
e o vácuo que eu tanto gostaria de tapar.
Há só a noite
e esse útero insuportável de mim mesmo.

Tenho vontade de me parir.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Câncer

Terrível.
A pele adquire uma tonalidade pálida,
branca, quase azul.
Caem cabelos e pêlos.
Pelos baços
braços da vida
ainda sou timidamente abraçado.
Uma pergunta ecoa no espaço infinito
do crânio de um homem louco:
Até quando?

Passeio

Qual é o caminho do homem?
Por onde seguem seus passos?
Por onde passeiam seus pés?
Em veredes enlameadas seguem eles,
enlameadas com uma lama vermelha,
fresca, quente.

Violência:
sinônimo da razão humana.
Guerra:
artifício de lucro.
Morte:
vizinha próxima, muito próxima.
Amiga fiel que não se esquece de ninguém.

E a ONU, a Unicef, a Unesco?
Abarrotadas de trabalho:
Revolvem questões batidas.
Solução:
Revólver armado com balas .45 cal.

Enquanto escrevo,
quenianos morrem no Quênia
e na esquina da minha rua.
O sangue é a única moeda corrente no mundo.

Terrível, não é?

domingo, 27 de janeiro de 2008

Sapatos

Passos rápidos.
Buzinas.
Trânsito louco, gritos, injúrias.
Fumaça negra entrando em minhas narinas.
Uma bicicleta quase me atropela.
Aquela bicicleta quase foi atropelada.
O ônibus pára.
Centenas de sapatos muito bem amarrados embarcam.
Para qualquer lugar.
Para longe.
Um barulho ensurdecedor de gente não deixa meus ouvidos.
Esse cheiro...
Gente, gente, gente, gente, gente para todos os lados,
até onde o asfalto negro e o cimento maculado
permitem que eu veja.
Só há gente.
Não, me expressei mal.
Só há sapatos.
Que crime é essa vida!
Os sapatos são os culpados,
um verdadeiro mar de sapatos,
um exército de sapatos sujos.
O verdadeiro crime das cidades é essa multidão de sapatos;
Multidão vazia
que esvazia
qualquer um.

De volta ao assunto...

Mas chega de efusões líricas. Vou abandonar momentaneamente esse tema e voltar à bem vinda maluquice outra vez (redundantemente).


Mente genial

Mente,
a cabeça do homem,
todas as ciências, exatas e inexatas,
a psicanálise, o cálculo avançado,
a trigonometria, a geologia e a biologia.
Todo o conhecimento humano
Mente.




Mudo

O mundo muda,
sim, de fato,
o mundo muda.
Muda o mundo e o mundo muda.
O mundo muda
O homem
muda o mundo.
Mas tudo muda e nada muda,
enquanto o homem, imutável mutante,
está sempre
mudo.
Isso, sim,
nunca muda.

domingo, 20 de janeiro de 2008

Para alguém

Continuo com as amenidades. Estes escrevi para pessoas muito especiais para mim. Muito especiais. Que o tempo não seja cruel a ponto de me apartar delas.



Perfume

Já faz quanto tempo?
Dias atrás ainda estávamos juntos.
Horas passadas, contadas como segundos,
que agora voltam, feito eras eternas, em meus olhos.
Olhos molhados.
Não, o passado não merece lágrimas.
Que não se misture à doçura dos azuis alegres dias
o sabor amargo do presente plúmbeo
e do futuro negro.
Que fique somente um cheiro bom nessa neblina
que eu possa voltar a sentir quando desejar.
Lembranças são motivo de consolo, não de choro.
Fiquem presos para sempre os sorrisos
no claustro obscuro que chamo crânio.
Não quero abrir mão deles.
Fique comigo essa luz, já tão fraca,
que, às vezes, me dá pistas
das pessoas que um dia eu fui.
Fique comigo a saudade que eu sentir de ti.
Fique contigo a saudade que tu sentires de mim.
Serei sempre como uma pedrinha em teu sapato.




Intitulável

Quanta coisa dissemos ou ao outro, não é?
Quanta coisa ficou presa
entre esperanças e frustrações,
entre risadas e lamentos,
entre sonhos e realidades?
Comprar um apartamento com chão de vidro.
Viajar para Sidney!
Vestidos, ternos e sapatos.
Sungas e bikínis caídos na areia das praias da ilha de caras!
Sem dúvida, chocar o mundo.
A faculdade de medicina.
A publicação de um livro.
Um consultório novo.
Uma escola diferente.
Muitas e muitas coisinhas mais
foram pensadas, planejadas cuidadosamente,
concebidas em nossas mentes de crianças arteiras feiticeiras!
Espero que elas venham com o tempo,
mas, se não vierem,
saiba que só estar contigo,
só estar contigo,
já me faz verdadeiramente feliz.
O amor é um sentimento engraçado...
e as melhores risadas que dei foram com você.

Mudando de assunto...

Bom, já chega de toda essa perfídia... pelo menos por enquanto. Agora um texto sobre outro assunto, algo mais brando. Várias vezes já me perguntei o que seria a beleza, de onde ela vem. Bom, aí estão algumas respostas, bem malucas e incoerentes, mas respostas assim mesmo.


Perguntas

Tu,
esfinge de cristal,
saberias me dizer
qual a resposta do mistério que te circunda?
Mistério dos teus sorrisos, dos teus choros,

da tua complexa existência.
O quê há de tão intrigante em ti?
O quê há de diferente em ti,
que acaba por prender não só os meus olhos,
os meus velhos e tristes olhos,
mas também meus pensamentos?
Tu
saberias me dizer
qual o segredo da tua estranha presença?
Presença que se mostra,

mesmo na ausência,
cada vez mais intensa?
Presença muitas vezes perdida
lá no fundo do céu, estonteantemente azul,
em algum cantinho distante

do éter cósmico,
mas que, mesmo longínqua,
permanece palpável e brilhante.
Não deve haver respostas

para os teus mistérios.
Não deve haver respostas para ti,

muitos menos para mim.
A beleza de certas coisas reside justamente

em sua obliquidade.
A tua beleza deve residir, então,

na beleza das perguntas
que a tua existência

e a tua presença
instigarem em mim.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Espelho de fotografias

Eu e minhas amigas.
Itamambuuuuca!
S2 pra sempre!
Não é pra qlqr um!
Eu.
Eu xD.
Eu =].
Eu =P.
Eu eu eu eu x).
Churraaaaaaasss.
Formatura perfeeeeita!
Eu.

Besteiras.
Amanhã as amigas não serão mais amigas,
serão megeras.
A itamambuca... poluída.
S2 já acabou, você é que não sabe.
Sim, é pra qualquer um, porque todos já pegaram.
Você,
você,
você,
você
precisa dar uma olhadinha no espelho.
Para fazer churras precisa de grana.
Nem sempre seu pai vai te bancar.
A formatura... adulação. Formar-se era apenas sua obrigação,
a mais básica de todas elas.

Você de novo?

Tudo,
tudo não passa
de uma grande e gorda
idiotice.

Haja gente besta, meu Deus!
Parece que futilidade é acessório que vem de fábrica.

sábado, 12 de janeiro de 2008

Mentiras

Não acredito em tudo o que leio. A verdade não está em textos. Palavras são mentiras bem elaboradas por meio das quais nós, os escritores, tentamos revelar verdades. Nem sempre conseguimos. Não acredite em tudo o que lê, porque a verdade não está naquilo que se lê, mas naquilo que se entende, naquilo que se pensa, naquilo que se sente. Um papel pintado de letras, como o céu pintado de estrelas, não é mais que um papel pintado e nem se aproxima de toda a significação e beleza das estrelas no éter negro do espaço, por mais que por meio de rabiscos o tentemos descrever. Qualquer significação que possa conter está, antes de tudo, nos olhos daquele que lê e no coração daquele que escreve. Aí está a verdade. Esqueçam-se pronomes, substantivos, adjetivos, advérbios, sujeitos, predicados, agentes da passiva e toda essa laia de coisas inúteis. A mensagem a ser transmitida não precisa deles. Precisa de um coração que escreva e de olhos que leiam, nada mais. A mensagem precisa ter mensagem; precisa ter um corpo próprio, com olhos, nariz, boca, orelhas, braços e pernas. Precisa ser livre para correr e se perder no fundo de cabeças alheias. De resto, não precisa de mais coisa alguma. A linguagem é apenas um transporte, que leva, por meio de vocábulos, sentimentos de coração a coração, pensamentos de cabeça a cabeça, visões de olho a olho. Palavras não tem significado próprio, tem aquele que nós nelas colocamos. Por isso não acredito em tudo o que leio, porque minha significação é diferente da de quem as escreveu e, sendo assim, é outra a minha verdade. Sou outro, de uma forma maravilhosamente encantadora, sou outro, como todos somos outros uns dos outros, e, assim, é outra a nossa verdade. A minha mentira pode ser a tua verdade, e a tua mentira a minha verdade.

Quem é que garante algo neste mundo?

Agora, explicando

Bom, para quem possa interessar, agora me explico.
De fato, às vezes até eu mesmo me estranho por ter escrito esses textos, digamos... meio para baixo. Escrevi muitos outros também. Mas aviso desde já: nem todos eles são reflexo de sensações que eu mesmo experimentei. Muitos são só especulação, diversão, pensamentos que tenho sobre a vida das pessoas. Alguns são, de fato, coisas pelas quais passei, mas a maioria não. Fica a seu critério saber quais, porque eu não tenho intensão de explicar nenhum deles (embora esteja, neste post, explicando xD)
Paradoxal, sim, mas assim são os malucos sadios, certo?
Um abraço!

Conheci?

Vejo fotos velhas.
Nesta apareço ao lado de um rapaz forte.
Naquela, estou abraçado a uma moça.
Nesta outra, em meio a várias pessoas
tenho dificuldade de me encontrar,
mas, enfim, acho-me em um canto,
perdido entre outras cabeças.
Fico confuso.
Paro um momento, vou ao banheiro, lavo o rosto,
olho no espelho,
volto às fotos
e me pergunto:
“Meu Deus, quem é essa gente
que pareço ter conhecido,
mas que hoje me é incógnita?”

Afinal, que é esperança?

É o mundo, perdido,
que nos faz perder,
e ainda assim pensamos ganhar.
É o coração de quem ama,
cego, surdo, tagarela e estúpido,
julgando o passageiro por eterno,
enxergando o infinito em um ponto minísculo,
ridículo,
imbecil,
no espaço.
É o coração apaixonado,
crente na bondade,
na doçura e na felicidade,
quando, na realidade,
nenhuma delas existe.
É a espantosa arte de se enganar
e com isso esquecer que se engana
e acreditar no engano.

Esperança é mentira que,
por consagração e uso,
se torna verdade,
mas nem por isso
deixa de ser mentirosa.
Esperança é ser fraco
para não enxergar
que tudo quanto está a sua volta
está podre e morto, e não ter força
para aceitar que
não adianta esperar,
pois o que se espera
não virá.

Todos nós sabemos disso,
pois nós somos todos esperança
e todos nós somos a esperança,
e enquanto esperarmos
seremos nós
e sendo nós,
seremos esperança,
que não morre,
não cansa,
não some
nunca.

Tamanha é a teimosia da raça humana

Botânica

Há música, há luz, há brilho. Estrelas decadentes e seu brilho vago seduzem olhares e se apagam. Astros caídos do cosmos perambulam sem rumo, sem se dar conta de que estão caídos. Corpos se amontoam, arfantes, cansados, penosos. São vultos se contorcendo, são silhuetas pueris agonizantes, são garotinhas e garotinhos.
Serão mesmo? Não, não são. Já são extintos os garotinhos e as garotinhas. Figuras de um passado não tão distante, mas passado.
São botões de rosa, cortados antes de se tornarem flor. São botões, simples botões. Notável observação botânica. Privados de seu florescer, induzidos, artificiais, iludidos. São bebês de proveta, são uns pobres coitados. Programados, enganados, dirigidos, arrebanhados, estúpidos e indiferentes. Inocentes e, todavia, culpados. Foram arrancados do sonho e jogados no mundo sem antes terem aberto os olhos. Perderam a cor.
São seus filhos, são meus filhos. Fato é que são filhos. Filhos sem pais, presumo. E ainda há música, há luz, há brilho. Um milhão de vozes gritando, um turbilhão de confusão, dor e indiferença.
O que estamos comemorando afinal? Brindamos à morte, brindamos à vida, brindamos aos bons tempos. Que bons tempos? Não existem bons tempos! Tempos se perdem, não brindo à eles. Tempos se mostram e se vão, cruéis. Fazem-nos conhecer o doce e o levam. Deixam apenas o amargo, o azedo, o pútrido e o fétido. E o que trazem? Botões. Não rosas, mas cinzas.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Primeira postagem

Bom, primeira vez no blogspot, estou achando tudo legal! Minha amiga Lyssa foi crucial na minha decisão por montar um blog, então, aqui estão meus sinceros agradecimentos à senhorita!
Estou postando aqui alguns dos textos que escrevo, para compartilhar com quem queira ler, mas de fato não escrevo para os outros, salvo algumas exceções que algumas pessoas sabem =)
Escrever, a meu ver, é pôr em tinta coisas das quais não se quer esquecer. É uma forma de reflexão. Para mim o papel é como um espelho e nada mais. Se alguma das coisas lidas aqui não fizerem sentido para você que está lendo, não se preocupe. Certas coisas escrevi para que somente eu entendesse. Agradeço a visita e espero que goste =) Um abraço!
Já deixo aqui um texto para que entenda o que é, para mim, escrever.


Metalinguagem


Nessas noites quentes,
nas quais relâmpagos vermelhos rolam pelos céus

como luzes estroboscópicas,
seguidas por estridentes trovões que mais parecem

rugidos de bestas feridas, ou gritos de homens famintos,
sinto um prurido nas pontas dos dedos.
Um cheiro de terra molhada,
espécie de éter que desde a infância me é familiar,
invade minhas narinas e me entorpece.
Fico doido, louco, desvairado, furioso, melancólico, apaixonado,
maluco, maluco, maluco.
Entro em mil mentes, visito um milhão de almas agonizantes,
viajo pelas arteríolas dos corações amantes,
visto oitocentas e noventa vestes diferentes, coloridas e desbotadas.
Sou eu, sou todos,
Não sou ninguém.
Apareço como réles estudante, no próximo instante sou sertanejo,

a seguir sou rico burguês, depois pobre comunista,
logo após sou morto, mas então renasço e me mostro bicho da terra.
Distorço realidades,

construo mundos através da gramatica normativa,
nem sempre tão normativa assim;
através de composições sintáticas faço um desenho feio

e o acho lindo.
Alguns escrevem para revelar o oculto,
outros para revelar o óbvio.
Escrever para pensar,
Escrever para gritar,
Escrever para lutar,
nunca fui simpático a essas vertentes.
Escrevo por paranóia e saudade,
em um tentativa tola e insana
de encontrar novamente
a primeira palavra que da minha boca saltou no mundo.