terça-feira, 25 de março de 2008

?

De tempos em tempos
Encontro-me nas divisas de países sem cor.
Passo por montanhas sem forma,
Bosques sem brisa,
Oceanos de água doce.
Oh, fronteiras de sentimentos intraduzíveis,
Qual o mistério que respira como criatura viva
Para além de vós?
Quero modelar as cordilheiras disformes
Deste mundo sem sentido.
Quero soprar as folhas de todas as árvores
Da Amazônia internacional.
Quero salgar a água destes oceanos insípidos
Para bebê-la.
Quero o universo de cabeça para baixo
Só para que eu possa me olhar no espelho
E dizer: “Olha só! De fato é verdade.
Esse sou eu mesmo”

Foi-se

As cidades não são mais cidades,
são selvas concretizadas, cinzentas,
pretas, sulfúricas e carbônicas,
onde reina a lei do mais forte;
são espécie de deserto populoso
no qual estar rodeado de seres
é o mesmo que estar só.
Os campos não são mais campos,
são habitats de máquinas,
de criaturas vegetais
(vegetais?)
bestificadas,
de anomalias propositais,
de aberrações alimentares;
são quilômetros e quilômetros cultivados
vazios.
Ninguém mais planta mandioca.
As casas não são mais casas,
são bunkers contra a vida cotidiana,
asilos de cabeças dementes,
de mentes
solitárias acompanhadas pela internet;
são prisões.
As famílias não são mais famílias,
são aglomerados sociais
nos quais existem provedores e parasitas,
nos quais inexistem amor, respeito, razão,
educação, princípios, ordem, afeto,
ou qualquer outra coisa referente à família;
são bandos bárbaros.
Nem as igrejas!!
As doces igrejas de outrora,
com seu coral de senhoras,
com seu cantar de crianças,
com seu louvar de homens fortes.
Nem as igrejas são mais igrejas,
são casas de espetáculo,
são clubes noturnos,
são cheias de gente vazia,
turba delirante e confusa,
equivocada e sedenta pelo sangue
do único homem justo que já caminhou por estes caminhos.
O mundo não é mais mundo,
é uma espécie de asteróide
que vaga perdido no cosmos
sem saber da colisão iminente,
com qualquer outro corpo celeste mais digno,
que o aguarda.
Se nada permanece como era originalmente,
se a totalidade das coisas tende
a se corromper e se tornar pérfida,
se a vida não é mais vida,
o que será de mim?

Quem?

Será que Deus se esqueceu dos pobres?
Será que Deus se esqueceu dos tristes?
Será que Deus se esqueceu dos órfãos?
Será que Deus se esqueceu daqueles que sofrem com a guerra?
Será que Deus se esqueceu daqueles que sofrem com a morte,
com a doença, com a injustiça deste mundo?
Será que Deus se esqueceu das criancinhas?
Não.
Deus é bom,
eu é que não sou.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Um mês

Ja faz um mês.
Dou graças a Deus por poder ser feliz ao lado dela =)

Nascido

Esperança
que nasce outra vez
com força,
com gosto,
com graça,
com ternura.
Calor que abranda a vida.
Sentimento de liberdade.
Vontade de dançar.
Cor nova que brilha nas minhas retinas;
espécie de verde-rosáceo com tonalidades azuis
que inundou meu mundo.
Fluidez de pensamento.
Destravamento de raciocínio.
Evolução sentimental
da qual Darwin nem sequer fazia idéia!
Mudança.
Novos ares.
Um sorriso sem motivo.
Amor.

Tudo isso e algo mais,
tudo isso e muito mais
a tua vida provoca na minha.

Esperança
vinda da espera
por um novo Sol nascente
finalmente nascido.